Baseline Circular: dificuldades na análise do comportamento básico em contextos de alto risco

O que é baseline?

O ser humano, em condições normais, quando não há a efervescência de emoções ou pensamentos extremos, quando não há preocupação exacerbada, ansiedade e inquietude, se comporta de determinada forma. Quando responde a perguntas que não causam desconforto psicológico, se comporta de determinada forma. Quando não é diretamente ameaçado por uma pergunta que o comprometa, se comporta de determinada forma. Diriam que é essa forma de comportamento que devemos assumir como balizadoras por toda a entrevista para discernir conforto/desconforto ou verdade/mentira (em uma adoção maniqueísta da análise comportamental).

No contexto da segurança pública, em verdade, é natural a presença de uma contínua ansiedade, em virtude da abordagem policial ou de um interrogatório (seja honesto, seja mentiroso). Neste caso, a baseline será traçada dentro de um padrão evoluído de ansiedade. Com ela podemos definir quando um comportamento realmente se excetua aos demais e chama atenção para uma melhor análise. Em teoria, após estabelecer este padrão é que podemos contrastar movimentos naturais de “vazamentos”. E, apenas com ela já traçada, há a possibilidade de contrapor conduta e maneira; idiossincrasia e desconforto.

A linha de base pode ser estabelecida até mesmo quando alguém está ansioso, pois o comportamento básico será ainda mais excetuado pelo desconforto de uma pergunta estratégica. Lembrando, porém: muitas vezes esta é a regra em uma abordagem policial (a presença de um certo desconforto).

A baseline, para boa parte da doutrina, geralmente é estabelecida no início da entrevista com o que chamamos de perguntas de controle. São perguntas que revelam uma provável verdade e que não representam um incremento do desconforto psicológico do entrevistado: nome, de onde é, com o que trabalha, etc. Seria com estas perguntas que poderíamos traçar um padrão de comportamento inicial e desenvolver um nível comparativo para as perguntas estratégicas e demais estímulos (ainda que estabelecido em uma situação não necessariamente confortável como é o caso de uma abordagem policial). Será que essa é a melhor estratégia?

Baseline em contextos de high stakes é a mesma coisa que uma análise do dia a dia?

 

Esta abordagem (de análise da linha de base) é compartilhada pelo autor deste estudo, mas deve ser analisada com bastante parcimônia e cuidado. Preliminarmente, a fase inicial da entrevista ainda está despertando uma gama de sentimentos negativos no entrevistado em razão das fases da mentira ou da simples abordagem policial. A simples abordagem e presença do profissional fardado ou a sala de interrogatório são estímulos fortes, aptos a desencadear todas as etapas pela qual passa o processo de fabricação da mentira: o abordado transita (CRAIG, 2019) entre a fase cognitiva, resposta do Sistema Nervoso Simpático e até mesmo contramedida. Ou seja, até mesmo quem fala a verdade modula o comportamento. Tentam parecer convincentes (VRIJ, PORTER & GRANHAG; HARTWIG, 2007), por exemplo.

Não é como se estivéssemos em uma conversa normal, no dia a dia, falando sobre tópicos avulsos, traçando um padrão de comportamento, e de repente uma pergunta difícil desencadeasse um estímulo apto a indicar um vazamento. Aqui o sentimento negativo (seja uma pequena ansiedade) aflora desde os primeiros momentos da abordagem. Allen (2016), afirma que levamos cerca de 15 minutos para relaxar em um ambiente desconhecido com pessoas desconhecidas (segundo o psicólogo David Leucas, esse estado de recuperação psicológica é conhecido como período refratário).

A conversa trivial do início de uma entrevista, me parece, serve muito mais ao estabelecimento de um ambiente mais confortável do que propriamente o delineamento de um padrão normal de comportamento do entrevistado. A doutrina informa que a small talk (essa conversa trivial do início) seria um bom ponto de partida para o comparativo comportamental, uma vez que se trata de fase onde o observado geralmente fala a verdade. O problema é que desconsidera que os tópicos abordados na conversa trivial e a fase investigativa divergem substancialmente, de forma que as pessoas podem reagir de forma diferente em razão da simples mudança de tópico (DAVID & HADIKS, 1995).

Seja o verdadeiro, seja o desonesto, em uma abordagem policial, apresentarão comportamentos que dificilmente serão naturais àquela pessoa (esteja ela mentindo ou não). Ainda mais quando se trata da parte investigativa da entrevista (EWENS et. al., 2014). Por essa razão, diz-se que a baseline só faz sentido se comparado o relato alvo com outro de mesmo risco e tópico parecido (VRIJ, 2016): é a chamada comparable truth (verdade comparável).

Ainda sim, existem estudos demonstrando que não é possível diferenciar verdade de mentira utilizando a linha de base da verdade comparável (BOOGARD et. al., 2022; AMADO et. al., 2016; MASIP et. al., 2005).

Naturalmente, uma pergunta estratégica colocada em momento oportuno, após a tentativa de estabelecer um ambiente mais confortável, será apta a desencadear um vazamento muito mais significativo (que se distinguirá dos demais por uma baseline de intensidade e variação).

Além disso, se não conhecemos o comportamento normal de uma pessoa, como saberemos o que não é natural ao agir básico de um indivíduo? Aliás, frise-se: sinal de desconforto, por si só, não é apto a denunciar a dissimulação (é um processo com muitas variáveis: devemos analisar agrupamentos; desconforto pode significar ansiedade em quem fala a verdade; devemos considerar maneirismos e o julgamento errado do que é um ponto de interesse; etc.). Ainda assim, dentro de um contexto, de uma história, realizamos uma análise comparativa comportamental que desvirtue da baseline até então percebida.

Vrij (2005) afirma que conversas triviais trazem pouco risco ao entrevistado, e que as respostas dificilmente trarão alguma consequência negativa. Em contraste, afirma ele, a parte investigativa da entrevista traz à tona situações de alto risco (e eu diria até de incômodo mesmo), especialmente se for realizada de forma mais incisiva, e, estando visível a intenção do policial com aquela bateria de perguntas, tanto quem fala a verdade quanto quem fala a mentira pode demonstrar desconforto e apresentar uma baseline diversa da inicial.

Propõem-se, então, o estabelecimento de uma baseline circular

Percebe-se, mais uma vez, a importância do incremento da empatia e manutenção do rapport, já desde o início de uma entrevista. Tanto mais será visível a diferença comportamental, quanto mais confortável estiver a pessoa no ato do estabelecimento de uma baseline. Ou seja, quer aqui se levantar a hipótese não de que a baseline não seja importante, mas que ela seja estabelecida de forma circular (KERBER, 2020), e não linear.

A baseline é estabelecida ao longo da entrevista, em especial em momentos e assuntos nos quais se percebe maior demonstração de conforto por parte do entrevistado. Ela é constantemente reestabelecida e ressignificada, em especial pelas razões acima expostas e pelo desconforto natural de um contexto policial.

Além dos argumentos suprarreferidos (existência da ansiedade ou desconforto; perguntas triviais não sendo de contexto comparável com perguntas estratégicas; etc.), pesquisas demonstram que observadores que analisaram a linha de base antes de avaliar a veracidade do trecho alvo não foram melhores na detecção da mentira e, na verdade, piores na indicação da verdade (BOOGARD et. al., 2022).

Mas calma, a ideia de linha de base ainda fica mais confusa e de difícil aplicação quando levamos em consideração outros estudos: mentiras raramente são fabulações completas (VERIGIN et. al., 2019) e geralmente são misturas de verdades com mentiras. No estudo de Verigin, Meijer, Vrij e Zauzig (2019), concluiu-se que mentirosos calibram os detalhes de um relato anterior prevendo uma mentira que virá posteriormente. Ou seja, ainda que variados estudos mostrem que relatos verdadeiros são mais ricos em detalhes do que relatos mentirosos (AMADO, 2016; DEPAULO, 2003), os trechos verdadeiros e mentirosos de uma entrevista acabam interagindo e influenciando a quantidade de detalhes um do outro: a) partes da história que precediam uma mentira eram menos detalhados; b) trechos mentirosos eram mais detalhados quando flanqueados por uma verdade do que quando por uma mentira.

Essa regulação que o mentiroso faz, de forma a compatibilizar a riqueza de detalhes de trechos mentirosos com verdadeiros é uma estratégia que dificulta a detecção e o estabelecimento da baseline (pois, justamente, se o mentiroso regula seu comportamento em estágio inicial prevendo o que vai falar no decorrer da entrevista, natural que o primeiro momento da entrevista não seja seu comportamento básico). Ou seja, mais um motivo para a análise da linha de base ser circular (KERBER, 2020).

Participantes de estudo que antecipam a necessidade de mentir em um segundo relato, focam seus esforços cognitivos nesta tarefa desde o início da entrevista (JUNDI et. al., 2013). Essa demanda sequestra sua capacidade de enriquecer a narrativa com detalhes já desde o início, ainda que na parte verdadeira. Neste sentido, talvez não sejam os processos da memória que indiquem a menor quantidade de detalhes nas mentiras (uma vez que o relato não é de todo mentiroso), mas o fato de que maior carga cognitiva é requerida desde o início (VERIGIN et. al., 2020).

Neste sentido, de que mentirosos calibram suas narrativas para que as partes mentirosas não destoem das verdadeiras e que se mantenha uma certa consistência de relato, é correto afirmar que eles: a) aumentem a riqueza de detalhes nas partes mentirosas, para que pareça uma narrativa verdadeira; ou b) reduzam os detalhes da parte verdadeira para que pareça a parte mentirosa (VERIGIN et. al., 2020).

No estudo citado, mentirosos preferiram iniciar com narrativas verdadeiras para paulatinamente inserirem narrativas falsas. O mesmo padrão foi identificado em um estudo envolvendo pedidos mentirosos de seguro (LEAL, VRIJ, NAHARI, & MANN, 2016). Essa tendência se coaduna com as reflexões de Lieberman (2019), quando diz que mentirosos adotam tal tática a fim de se sentirem seguros e confortáveis nos estágios iniciais da entrevista e também porque abordam elementos verdadeiros da narrativa (e, portanto, podem ganhar a confiança do entrevistador).

Uma coisa é estabelecer uma linha de base facial e perceber variações da prototipagem na análise do FACS. Ou realizar uma análise por vídeo, em câmera lenta, durante uma semana, frame por frame, de possíveis pontos de interesse (que já é difícil). Outra coisa é considerar, em tempo real, todas variáveis do comportamento humano, traçando linhas comparativas iniciais e posteriores e indicando, com precisão, a variação destes sinais – levando em consideração o próprio estímulo (a pergunta exige raciocínio? A pergunta poderia trazer incômodo em quem fala a verdade?) e o contexto. O esforço cognitivo do observador é bastante elevado.

Conforme demonstrado, a linha de base (que, repito, chamarei de “circular”) é importante para análise, ainda que em tempo real, da resposta corporal ao estímulo provocado (uma pergunta, por exemplo); não é, no entanto, absolutamente fácil de ser verificado, podendo trazer, inclusive, prejuízos para a análise (quando não se levam em conta as particularidades no contexto em que está inserida). O estudo de Boogard, Meijer, Vrij e Nahari (2022) ainda conclui que quem fala a verdade inclui mais detalhes auditivos e temporais nos relatos alvo do que os mentirosos, quando em comparação com o relato da linha de base de ambos – mas que observadores não foram capazes de corretamente identificar aqueles que falavam a verdade. Segundo os autores, quem fala a verdade provavelmente se vê mais motivado a fornecer ricos detalhes na parte crítica da entrevista (ou ao menos tem mais capacidade para tanto).

Para uma melhor acurácia na análise da credibilidade, devemos nos basear mais em pistas verbais (VRIJ, 2019). Somos mais capazes em diferenciar verdade e mentira quando nos detemos à análise do conteúdo verbal (BOOGARD et. al., 2022; AMADO et al., 2016; LUKE, 2019; MASIP et al., 2005b; OBERLEADER et al., 2016; ORMEROD & DANDO, 2015).

Em três estudos envolvendo comparação com linha de base, nenhum foi capaz de trazer resultados significativos de melhoria na análise (CASO et. al., 2019; VERIGIN et al., 2020; e BOOGARD et, al, 2022). Comportamento é muito mais complexo do que comparação.

 

Filipe da Costa Kerber é pós graduado em Ciências Criminais (ANHANGUERA) e Educação Transformadora (PUC/RS). É pós graduando em Comportamento Não Verbal e Análise de Credibilidade (ClueLab/FACSM) e em especialização em Comportamento Não Verbal (SinVerba, Argentina).

 

REFERÊNCIAS

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