ESTUDO DE 2011
Em 2011, a Dr. Nadja Reissland, juntamente com outros pesquisadores, observou o desenvolvimento dos movimentos faciais ainda dentro do útero e, pra isso, ela usou esse mesmo recurso de ultrassom 4D e observou fetos em diferentes idades gestacionais no segundo e terceiro trimestres.
Os movimentos musculares observados foram codificados em unidades de ação que são reconhecíveis em adultos e que foram adaptadas para bebês.
Com base nisso, ela definiu dois conjuntos de movimentos faciais fetais distintos: “a configuração de rosto choroso” (cry-face-gestalt) e “configuração de riso” (laughter- gestalt). Quando em adultos, esses mesmos movimentos faciais podem ser enquadrados enquanto comunicadores de desconforto e de conforto, respectivamente.
Esse estudo observou que entre 24 e 35 semanas, o número médio de coocorrências de 3 ou mais movimentos faciais aumentou de 7% para 69%.
ESTUDO DE 2022
11 anos depois, em 2022, ela publicou um novo artigo, onde observou se essas reações expressivas aconteciam associadas ao sabor doce ou ao sabor amargo, com base em capsulas com sabor de cenoura (doce) ou couve (amargo) que era ingerida pela gestante.
Foram envolvidos neste estudo gestações de 32 a 36 semanas.
Os fetos expostos ao sabor de cenoura exibiram “puxador de canto de lábio” e “configuração de cara de riso” (laughter-face gestalt) com mais frequência, enquanto os fetos que foram expostos ao sabor de couve mostraram mais “elevação de lábio superior”, “depressão do lábio inferior”, “esticar de lábio”, “pressionar de lábio” e “configuração de cara de choro” (cry-face gestalt) em comparação com o grupo da cenoura e um grupo de controle que não foi exposto a nenhum sabor.
Esses estudos pioneiros demonstram a evolução dos movimentos faciais antes mesmo do nascimento e sugerem reações expressivas associadas ao estímulo do sabor que é transferido pela mãe.
VÍDEO QUE INSPIROU ESSE CONTEÚDO
REFERÊNCIAS
Reissland, Nadja & Francis, Brian & Mason, James & Lincoln, Karen. (2011). Do Facial Expressions Develop before Birth?. PloS one. 6. e24081. 10.1371/journal.pone.0024081.
Ustun, B., Reissland, N., Covey, J., Schaal, B., & Blissett, J. (2022). Flavor Sensing in Utero and Emerging Discriminative Behaviors in the Human Fetus. Psychological Science, 33(10), 1651-1663. https://doi.org/10.1177/09567976221105460