Riso, Sorriso e Gargalhada: características e diferenças

O sorriso sempre te mostra algo sobre aquele que sorri
 

No começo deste ano descobri que no dia 18 de Janeiro é comemorado o Dia Internacional do Riso. Pesquisando na internet descobri que é uma proposta de um médico indiano chamado Madan Kataria (pai da Yoga do Riso), que visou criar um movimento terapêutico.

Como aqui gostamos de expressões faciais e emoções, resolvi fazer esse post para falar um pouco sobre os comportamentos de rir, sorrir e gargalhar. Qualquer um dos três costuma ser, diretamente, associado como expressão daquele um estado interno prazeroso e agradável que chamamos de alegria e que, por sua vez, compreende emoções como diversão, alívio, entusiasmo, gratidão, interesse e orgulho, por exemplo.

Sorriso

Sorriso FACS expressão facial

Representação anatômica do sorriso superior. Na imagem vemos, com aporte do FACS, as AUs 6+12+25 (CICEM, 2022).

Vamos começar pelo sorriso, que é uma mímica facial associada à expressão da alegria e da receptividade. Esse comportamento facial puxa os cantos dos lábios de forma oblíqua e simétrica para trás e para cima. Além dos estados positivos que costumam envolver o sorriso, esse comportamento também pode aparecer em situações de ironia, vergonha, desprezo, superioridade e até no prazer por enganar alguém.

“Os sorrisos, de modo inequívoco, mesmo que sutilmente, dizem se nascem ou não da satisfação”. (Paul Ekman, 2011, p. 214).

O sorriso também pode ser caracterizado em 3 tipos, com base na visualização dos dentes. Podemos dizer que um sorriso é fechado, quando não há exibição de fileiras dentárias (como o sorriso da Mona Lisa). Que um sorriso é superior, quando apenas a fileira superior de dentes é exibida. E que um sorriso é largo, quando tanto a fileira de dentes superior, quanto a inferior estão sendo exibidas.

Outra forma de caracterizar o sorriso é chamando-o de Duchenne ou de não-Duchenne. Essas expressões são diretamente associadas ao dito sorriso verdadeiro e sorriso falso, e já foram abordadas em conteúdo que você confere clicando aqui.

Vejam que interessante, buscando em um dicionário online, encontrei as seguintes definições para sorriso:

  • Ato de sorrir; riso discreto e silencioso: sorriso comprometedor.
  • Expressão facial, com os lábios distendidos para os lados, de quem está contente, embora também possa demonstrar ironia, desdém.
  • [Figurado] Demonstração de simpatia, do que é amável, gentil: era só sorrisos no almoço.
  • [Figurado] Mostra de desdém, ironia ou desprezo: sorrisos de maldade.

É por meio dos contextos, dos estudo das unidades de ação (AU), de sua simetria e da tríade intensidade, duração e dinâmica, que conseguimos diferenciar e compreender, com precisão, esses e outros tipos de sorrisos no dia-a-dia

Riso

Riso FACS expressão facial

Representação anatômica do riso. Na imagem vemos, com aporte do FACS, as AUs 6+12+20+25+26 (CICEM, 2022).

A nível das ações faciais, para além das unidades que aparecem no sorriso (AU 6 + AU 12), o riso também emprega a contração do músculo risorius (AU 20), que produz uma ação horizontal de esticamento dos lábios.

O riso, diferentemente do sorriso, envolve vocalização. Claro que o sorriso pode ser executado (e frequentemente o é) enquanto uma pessoa fala. Mas o sorriso é uma expressão facial sem vocalização pré-estabelecida, enquanto o riso compreende a vocalização da risada – um som mais próximo daquela comunicação que observamos entre os animais, do que com a nossa própria fala.

“Podemos entrever como a emissão de algum tipo de som acabou tornando-se naturalmente associada com um estado de espírito agradável; pois em grande parte do reino animal, sons instrumentais ou vocais são empregados como uma forma de chamar ou atrair o sexo oposto […] Mas ainda não sabemos por que os sons emitidos pelo homem quando satisfeito têm o caráter peculiar e repetitivo do riso. Entretanto, podemos imaginar que eles deveriam ser tão diferentes quanto possível dos gritos e choros de sofrimento” (Darwin, 1872, p. 177)

Rimos por que achamos algo engraçado, rimos de constrangimento, rimos em estados de embriaguez, rimos como reação às cócegas que nos fazem. Você já riu hoje??

Buscando definição popular no dicionário online, encontrei o seguinte:

  • Ação ou efeito de rir; risada; gargalhada.
  • Escárnio, zombaria.
  • [Figurado] Júbilo, alegria, regozijo.
  • Riso amarelo, riso contrafeito: reagir à decepção com um riso amarelo.

“Basicamente, rimos ao brincar, rimos com pessoas que julgamos amigas, rimos de suas piadas, para comunicar ao outro que entendemos, que concordamos, e como uma maneira de comunicar, em certa medida, que estamos nos sentindo confortáveis e bem em relação a uma pessoa ou a um grupo. O riso está diretamente relacionado a interação, e isso nos torna mais propensos a rir quando estamos na companhia de alguém”. (Joaquim, SIlva & Galan, 2022, p. 51).

Gargalhada

Gargalhada FACS expressão facial

Representação anatômica da gargalhada. Na imagem vemos, com aporte do FACS, as AUs 6+12+20+25+26+43+53 (CICEM, 2022).

A gargalhada deriva do riso e pode ser compreendida como um riso em alta intensidade, onde as ações faciais são mais pronunciadas e a vocalização tem volume elevado.

A nível da face, além das ações já citadas no riso, não é raro observar pálpebras fechadas (AU 43) e movimentos de cabeça (53 ou 54) durante o episódio de gargalhada.

Diferentemente do riso, que, a depender do contexto, consegue ser mascarado ou contido, a gargalhada implica em uma ação pública explícita.

De acordo com o dicionário online, essas são as definições de gargalhada:

  • Risada prolongada, franca e ruidosa.
  • Casquinada.
  • A voz da raposa.

A voz da raposa?? Vocês já tinha ouvido isso. Eu nunca.

“Como na gargalhada e nos sorrisos largos as bochechas e o lábio superior ficam muito elevados, o nariz parece menor e a pele na ponte fica delicadamente enrugada em linhas transversais, com outras linhas oblíquas e longitudinais nas laterais. Os dentes frontais superiores normalmente ficam expostos. Uma dobra nasolabial bem marcada se forma , indo da asa de cada narina até os cantos da boca; e essa dobra geralmente é dupla em idosos”. (Darwin, 1872, p. 176).

Referências

Darwin, C. (2009). A expressão das emoções no homem e nos animais. (Leon de Souza Lobo Garcia, Trad.). São Paulo: Companhia das Letras. (Obra original publicada em 1872).

Ekman, P. (2011). A linguagem das emoções: revolucionando sua comunicação e seus relacionamentos reconhecendo todas as expressões das pessoas ao redor. São Paulo: Lua de Papel.

Joaquim, R. M., Silva, M. O. & Galan, F. R. (2021). Alegria. In Joaquim, R. M. (org). Neuropsicologia das emoções: caracterização, expressão facial & aspectos psicopatológicos. (pp. 49-56). Belo Horizonte: Editora Ampla, 2021.

Por Caio Ferreira

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